segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amado filho

O dia em que este velho não for mais o mesmo, tenhas paciência e me compreenda.

Quando derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas em que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas. Quando conversares comigo, eu repetir as mesmas histórias, que sabes de sobra como terminam, não me interrompas e me escute. Quando tu eras pequeno, para que dormisses, tive que te contar milhares de vezes a mesma estória até que fechasses os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e sem querer fizer minhas necessidades, não fique com vergonha. Compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes pacientemente troquei suas roupas para que estivesse sempre limpinho e cheiroso. Não me reprove se eu não quiser tomar banho, seja paciente comigo. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que inventava pra te convencer a tomar banho.

Quando me vires inútil e ignorante na frente de novas tecnologias que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário, e que não me machuques com um sorriso sarcástico. Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas. Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem como hoje você o faz. Isso é resultado do meu esforço e da minha perseverança.

Se em algum momento, quando conversarmos, eu me esquecer do que estávamos falando, tenha paciência e me ajude a lembrar. Talvez a única coisa importante pra mim naquele momento era o fato de ver você perto de mim, me dando atenção, e não o que falávamos. Se alguma vez eu não quiser comer, saiba insistir com carinho. Assim como fiz com você. Também compreenda que com o tempo não terei dentes fortes, e nem agilidade para engolir.

Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas, e eu já não conseguir mais me equilibrar... Com ternura, dá-me sua mão para me apoiar, como eu o fiz quando você começou a caminhar com suas perninhas tão frágeis. E se algum dia me ouvir dizer que não quero mais viver, não te aborreças comigo. Um dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou com o quanto te amo. Compreenda que é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que já não tenho mais o vigor para correr ao seu lado, ou para tomá-lo em meus braços, como antes.

Sempre quis o melhor para você e sempre me esforcei para que seu mundo fosse mais confortável, mais belo e mais florido que o meu. E até quando me for, construirei para você outra rota em outro tempo, mas estarei sempre contigo e zelando por você. Não se sinta triste ou impotente por me ver assim. Não me olhe com cara de dó. Dá-me apenas o seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver. Isso me dará forças e muita coragem. Da mesma maneira que te acompanhei no início da sua jornada, te peço que me acompanhe para terminar a minha. Trate-me com amor e paciência que eu te devolverei sorrisos e gratidão, com o imenso amor que sempre tive por você.

Atenciosamente,

Teu velho – “À memória e lembrança de todos os pais do mundo”

Revisado e divulgado por Silvio Barletta

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